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A Escola Japonesa

Quando primeiro soube que vinha para cá, fui direto pesquisar sobre como é o sistema educacional japonês; estudando ainda no Ensino Fundamental, a escola é onde passo uma grande parte do meu tempo. Mas em lugar nenhum consegui achar todas as informações que queria. Juntando o que achei em vários sites e artigos consegui criar um pequeno cenário em minha cabeça, mas nada se compara à nova realidade que você vivencia quando entra na escola.

Todos nós já vimos ou ouvimos algo sobre a escolaridade no Japão, seja que ela é extremamente puxada (fato) ou que aqui os alunos limpam a escola (fato) ou que eles ficam na escola o dia inteiro (fato também), mas só ouvimos o lado sensacionalista que alguém decide falar para gerar ibope, é difícil achar um lugar que fale realmente sobre como funciona, na maneira prática, o ensino japonês.

Então..

A (Minha) Vida Escolar Japonesa

Após a Segunda Guerra Mundial, o Japão sofreu uma grande reforma em grande parte inspirada no sistema americano de vida, e claro que isso afetou o ensino também.

Aqui o ensino é obrigatório dos seis aos quinze anos, sendo que dos doze para os treze anos os alunos mudam de escola, assim como nos Estados Unidos há o Elementary e o Junior High. É muito difícil ter escolas onde os dois funcionam no mesmo terreno ou em uma mesma escola, as que são assim são chamadas “escolas elevador” pois você só vai subir de nível sem ter que prestar provas nem nada, essas são geralmente particulares.

Após isso vem o nosso Ensino Médio, que aqui é muito mais completo e que o diploma conta ainda mais que o de um curso técnico no Brasil, portanto os alunos se esforçam para entrar nas melhores escolas e para isso realizam uma espécie de “vestibular” que é a prova que gera tanta tensão nos jovens japoneses, para a qual estou estudando feito uma doida agora.

Vamos por partes, sendo que são quatro e que todas em um só texto ficaria demais, escrevo aqui somente sobre os dois primeiros septênios:

Kindergarden

Acabo não sabendo muito sobre os kindergardens por não conhecer muitos frequentadores. No Japão não é raro que a mãe escolha não trabalhar até os filhos terminarem a idade pré-escolar, portanto nem todas as crianças vão ao kindergarden. Essas escolas são bem pequenas e os alunos estudam na mais próxima de sua casa, em cada escola ha uma ou duas turminhas de crianças. Em algumas há uniforme mas é quase opcional, tudo é bem solto e elas ocupam geralmente apenas um período. Há Kindergardens que aceitam a partir de oito meses, outros de dois anos e outros de quatro dependendo de seu preparo para isso. Mesmo que a mãe só vá colocar a criança lá para frente no ano letivo, todos fazem a inscrição juntos na época de novembro.

Shogakku

A partir daqui já conheço mais um pouco, eu não cheguei a frequentar mas a minha irmã está cursando o último ano do Shogakko e muitos dos amigos brasileiros que fiz estudaram também em escolas japonesas. Quando as crianças estão para fazer sete anos, as muitas escolinhas de uma região se juntam em uma Escola Primária só, com geralmente três turmas de umas 25 crianças cada. Lá elas aprendem a ler e escrever.

Uma das coisas mais legais e interessantes é como eles vão à escola, como aqui você ingressa na escola exclusivamente por bairro, uma vez que todos estudam em escolas públicas, você vai obrigatoriamente andando. Mas as crianças de seis anos vão sozinhas andando? Então, vão sim! Elas se reúnem em pontos específicos com colegas que moram por perto, misturando assim as séries e as salas, e vão juntas guiados pela criança mais velha do grupo. Algumas crianças chegam a pegar trem sozinhas quando vão para escolas mais distantes.

Nas escolas eles tem por dia quatro ou cinco aulas. Em cada turma há uma professora responsável, que ministra boa parte das aulas e acompanha individualmente os alunos durante o ano também.

Na hora do almoço todos comem juntos sendo que eles se revezam para servir o almoço para as outras crianças. A comida é paga à parte mas é um valor baixo e diariamente os alunos também tomam leite. O cardápio é desenvolvido pela Escola e só pode levar obentou (marmita) quem, por algum motivo de saúde, não possa comer a comida oferecida. Portanto alguns alunos brasileiros que não são acostumados a comer comida japonesa acabam estranhando no início, e muitas vezes não gostando, mas se acostumam fácil e é surpreendente ver a minha irmã feliz por que hoje o almoço será gostoso, arroz com abóbora! Coisa que ela certamente nunca falaria antes no Brasil.

Há alguns dias fomos ver a apresentação das crianças e foi muito legal, elas cantam e tocam muito bem diversos instrumentos, cantam em diferentes vozes e dançam juntas, com apenas uns oito anos! E o que nos deixou mais surpresos foi a apresentação do 5º ano, onde elas tocaram tambores tradicionais japoneses para agradecer à Terra o milagre do arroz, anteriormente plantado por eles mesmos, tocar esse tambor japonês é uma ciência e os garotinhos mandavam muito bem!

No sexto ano, o ultimo ano deles nessa escola, eles fazem uma grande viagem de dois dias, eles vão para Nara, a primeira capital do Japão, visitam templos e outros lugares importantes e depois vão para a Universal Studios! Sei que nos outros anos eles fazem várias outras saídas mas não sei dizer exatamente para onde. Nessa viagem tudo era dividido em grupos, todos os grupos tinham responsáveis e todos tinham bom senso e educação, as crianças ficaram em grupos de quatro nos quartos sem adultos tranquilamente, sem fazer bagunça ou dormir tarde, eles ficaram livres e soltos na Universal em outro grupo, também de quatro e cada um pode fazer o que gosta, sem “esperar fulaninho, contagem de turma, etc.” e assim tenho certeza que puderam aproveitar mais e às vezes pode até parecer muita responsabilidade para eles mas na verdade eles já tem doze anos e não houve problema nenhum.

Com 12 anos, quando as crianças começam a virar serzinhos mais crescidos eles se mudam de escola, e com isso muda também como são tratados e as responsabilidades são adequadas ao seu desenvolvimento, cada vez crescentes, então eles vão para o Chugakko.

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