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A Escola Japonesa II

  • Akemi Nagashima
  • 2 de dez. de 2015
  • 4 min de leitura

(Quase) cinco meses de Japão - (quase) quatro meses de escola

Acho que o que mais me perguntam sobre o Japão, fora se eu estou gostando, é sobre a minha escola. Seja se eu estou entendendo ou não, já respondo que até agora só entendo matemática e inglês; ou sobre meu uniforme, que é uma saia até embaixo do joelho, uma blusa estilo marinheiro e uma gravata. Previamente já escrevi sobre o ensino infantil, porém por ter tanto a falar deixei para escrever sobre o Chugakkou (lê-se tyuugakou) somente agora.

Já estou lá há quase quatro meses e nesse tempo deu para entender como as coisas funcionam e vivenciar como é a escola japonesa, mas para contar realmente sobre ela tive que pensar bastante em como fazer. Este é o meu ver e a minha vivência na escola, porém eles podem ser um pouco diferentes porque eu entrei no fim do terceiro ano, quando muitas coisas mudam por causa da necessidade de estudar para o ingresso no Koukkou (ensino médio).

No Japão as escolas são divididas por bairro portanto meus pais foram na prefeitura nos direcionar para onde deveríamos estudar. Uma determinada qual escola será, é marcado um dia para uma entrevista. Nessa entrevista estava o professor responsável pelo terceiro ano, a tradutora do colégio e a professora responsável pelos estrangeiros. Na minha escola há cinco turmas por ano e ainda não haviam decidido em qual turma eu ficaria.

Acabou que fiquei em uma sala com dois brasileiros, uma garota querida mas que já é bem mais japonesa que brasileira e um garoto que sinceramente, é um saco. Até agora eu sento do lado da garota, e se necessário ela pode me ajudar, mas acabo nem precisando muito

Saímos de casa eu e uma amiga de outra sala (também brasileira) perto das 7 e meia da manhã e vamos andando para a escola. Todos vão andando e, diferente do Shogakkou, agora há pessoas que moram mais longe e que vão de bicicleta. Chegando na escola trocamos nossos tênis de fora, que pode ser ou o tênis de Educação Física ou qualquer outro tênis branco pelo tênis interno e vamos para a nossa sala de aula onde sentamos e estudamos ou conversamos por alguns minutos até o primeiro sinal tocar.

Diferente do Brasil não é aí que começa a aula, primeiro temos um tempo para leitura ou para estudo e correção de tarefas, entregamos as tarefas antes do próximo horário (já corrigidas por nós mesmos nos livros de respostas que sempre vêm com o livro de tarefas) e eventuais folhas, os famosos purintos. Às 8:25 bate o sinal para o Asa No Kai (reunião da manhã), que é quando vão dois alunos para a frente da sala fazer os comunicados do dia, a chamada; pegar pertences valiosos (como chaves, carteira, etc) e entregar para o professor guardar durante o dia; checagem da saúde, onde o professor pergunta se há alguém doente; e há a checagem de tarefas, se alguém não entregou a tarefa para o responsável da matéria seu nome será lido em voz alta.

Então temos as aulas. Por dia temos em um geral seis aulas que podem durar quarenta e cinco ou cinquenta minutos, e até o Assa No Kai não sabemos qual será a duração. Entre cada aula temos dez minutos de intervalo e recreio só há depois do almoço, que acontece após a quarta aula. Pode parecer pouco intervalo mas somando temos uma hora e meia, bem mais do que no Brasil. No fim da aula temos o Kaeri No Kai (reunião de ir embora), que é quando é passado as aulas de amanhã, as tarefas, avisos etc..

No Chugakkou almoçamos na escola. Os três anos se revezam entre o refeitório e a sala de aula, cada semana comendo em um lugar. Diferente do Shogakkou aqui nós temos duas opções de almoço para escolher entre e também podemos escolher o tamanho da refeição. Temos lugar para sentar, no refeitório é por ordem numérica e na sala é no lugar que já sentamos durante as aulas, porém juntamos as mesas de forma que fiquem três mesas compridas.

Nós temos cinco matérias principais, mais varias outras atividades complementares que nos preparam para a prova de admissão do Koukkou (ensino médio) e para a vida, aprendemos a cozinhar, limpar, cuidar de crianças, fazer atividades de marcenaria e elétrica básicas; aprendemos sobre moral e ética e a nos esforçar em tudo o que decidimos fazer. Quando saímos do Chugakkou o governo para de pagar nossos estudos, e eles param de ser obrigatórios, porém no tempo que estivemos sob sua educação ele nos deu todo o possível para que continuássemos por nós mesmos. Graças a educação igual e de alto nível que todos tiveram, todos tem uma chance igual de entrar em uma boa faculdade e de entrar em um bom emprego, independente de onde vieram. O que faz com que cada vez mais haja menos desigualdade social. A educação do Japão é eficaz e depois de algum tempo em ação não é difícil de ser mantida. Gostei muito do meu tempo na minha escola de Chugakkou e sei que vou sentir saudades dos meus tempo nessa escola!

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